Norberto Cândido Silveira Júnior nasceu no município de Piçarras, então
distrito de Penha, Santa Catarina, em 17 de maio de 1917. Logo aos seis
anos de idade já trabalhava na roça, com o pai e os irmãos.
Devido à dificuldade de acesso à escola, por haver nascido em berço
humilde, sua educação formal estacou no 3º ano primário da Escola Mista
do Núcleo Rio Branco, no município de Guaramirim, SC, onde seus
pais - Norberto Cândido Silveira e Maria dos Anjos Silveira -
exploravam a agricultura, como modestos pequenos proprietários, ajudados
pelos filhos, desde a mais tenra idade.
Ele próprio narra com extrema sinceridade, em "Memórias de um
menino pobre", episódios de sua infância, quando, órfão de pai,
enfrentou juntamente com sua mãe e irmãos as adversidades da vida pobre
de lavrador do interior. Menino de impressionante determinação,
lutou exaustivamente em busca de pequenas coisas como substituir
seu chapéu de palha e comprar umas garrafas de gasosa.
A forte personalidade de menino homem levava-o a questionar dogmas,
conceitos e costumes até então estabelecidos, os quais desprezava,
preferindo suas próprias idéias. Certa vez, queixou-se com sua mãe,
dizendo-lhe que não queria ir mais às missas, porque o sermão do
padre havia amedrontado com ameaças de que Deus fecharia as portas do
céu aos meninos desobedientes e que o fim deles seria o inferno
junto ao diabo, queimando no fogo eterno. Não concordava com o padre
e achava que aquilo tudo era pura bobagem. Ao ouvir as
queixas do filho, a mãe o dispensou de ir às missas dominicais.
Mais tarde confessaria que se impressionava com trovoadas,
ventos e relâmpagos.
Não obstante sua precária formação de bancos escolares, foi um
autodidata que galgou as mais altas posições no cenário catarinense,
tendo exercido cargos como assessor de Antônio Carlos Konder Reis na
governança do Estado (1975-1979) e de seu assessor na Secretaria
Especial de Reconstrução; mais tarde, ocupou o cargo de secretário
adjunto da mesma pasta, até o final do governo de Esperidião Amim.
Casou-se com Lígia Pereira Silveira, com quem teve duas filhas.
Detentor do registro nº 1 de jornalista do serviço público
e do registro nº 12 de jornalista colaborador junto ao MTPS,
foi redator do Diário da Tarde, de Florianópolis; redator do Dia
e Noite, de Florianópolis; correspondente, em Santa
Catarina, da extinta agência noticiosa Asapress; diretor de
programação da Rádio Difusora de Itajaí; diretor e redator-chefe do
jornal Itajaí; e diretor e redator-chefe do jornal O Sol, de Itajaí e
Balneário Camboriú.
Obteve cinco prêmios em concursos de contos (década de 40) da antiga
Revista da Semana, do Rio de Janeiro, dirigida por Magalhães Júnior,
e dois primeiros prêmios em concursos de contos do antigo
suplemento Letras e Artes, do jornal A Manhã, dirigido por Jorge
Lacerda.
Radicado em Florianópolis (1975), assinou coluna semanal,
como colaborador, nos jornais A Ponte, de Florianópolis; O
Município, de Brusque; O Sol, de Itajaí e Balneário Camboriú; Correio do
Povo, de Jaraguá do Sul e Jornal de Santa Catarina, de Blumenau,
além do programa diário de cinco minutos Silveira responde, na RBS
TV, que apresentava quando era assessor do governador Antônio Carlos
Konder Reis. Foi eleito para a cadeira nº 2 da Academia Catarinense de
Letras, tomando posse em 27 de setembro de 1972.
Publicou as seguintes obras:
"Itajaí-1949", 250 páginas, também conhecida como Anuário de Itajaí;
"História de uma cidade: Itajaí", 1972, Editora Escalibur, São Paulo;
"Um brasileiro nos Estados Unidos", 1ª edição do autor, 2ª edição da
embaixada americana, cujo então embaixador Lincoln Gordon a oficializou
para bolsistas brasileiros naquele país. Vendidos os direitos
autorais para a Tecnoprint Gráfica e Editora, do Rio de Janeiro. Chegou
à 3ª edição, Também esgotada;
"Memórias de um menino pobre", Editora Lunardelli, 1977. Romance rural
autobiográfico que trata da vida do autor até seus 16 anos, quando sai
do campo e vai para a cidade de Joinville. Ilustrada, a obra possui 174
páginas, estando em sua 4ª edição;
"Cristianismo e justiça" - tema filosófico-religioso, em que o
autor (assíduo leitor da Bíblia) defende a tese de que o cristianismo
não é justo. Editada pelo próprio autor, foi distribuída
gratuitamente em sua posse na Academia Catarinense de Letras, e aos
assinantes do jornal O Sol, dirigido por ele na época;
"Depois do juízo final" - romance de ficção científica, Editora Global, São Paulo, 1982;
"Confissões de uma filha do século" - romance, editora Lunardelli, 1984;
"Mil notícias culturais" - pesquisa, Editora Lunardelli, 1985;
"Nossa guerra contra a Alemanha" - romance histórico, Editora Lunardelli, 1988.
Deixou ainda por publicar, o Dicionário Onionímico - obra contendo
nomes e seus significados, para uso comercial, em todos os
ramos de atividade, e uma coleção de contos premiados,
publicados na extinta Revista da Semana - do Rio de Janeiro, não
enfeixados em livro, reclamando publicação há cerca de meio século.
Além de titular da cadeira nº 2 da Academia Catarinense de
Letras, foi presidente do Conselho Editorial da UDESC; membro
do Conselho Estadual de Cultura e membro da Associação
Catarinense de Escritores.
Silveira Júnior tem seu nome eternizado em ruas das cidades de
Araranguá e Guaramirim, em uma praça em Balneário Camboriú e em
uma espécie vegetal da família das mirtáceas, Mircária
Silveriana, classificada pelo botânico catarinense Pe. Raulino Reitz.
Faleceu em São José, SC, exatamente dois meses após ter
sofrido o infarto que o levara ao Hospital Regional, de onde
só sairia para ser velado e sepultado no Jardim da Paz,
em Florianópolis, na presença de grande número de amigos,
confrades escritores e jornalistas, autoridades diversas e
familiares.
Silveira Júnior costumava dizer que a falta de um
diploma universitário em nada lhe havia prejudicado a vida.
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